Como arrumar malas e carregar livros? O guia essencial para quem ama ler 📚
Viajar melhor com nossas grandes companhias, o livro. Dez conselhos sobre arrumar malas e cinco dicas de leituras sobre viagens. Uma novidade para 2025.
Olá,
Esta é uma edição da Anacronista. O assunto hoje é arrumar malas e levar livros. Não vamos deixar nossas paixões para trás. Sim, vou te autorizar a carregar sua biblioteca inteira algum peso, o grande drama da viagem.
Também separei alguns títulos legais nas indicações.
Com planos bonitos de final de ano,
Ana Rüsche
Curso: Prática de escrita
Estão abertas as inscrições para meu intensivão de janeiro!
Vamos começar 2025 cumprindo promessas de Ano Novo! Novamente abro esse curso de férias, voltado a quem gostaria de escrever com mais vontade e estabelecer um ritmo. Para quem busca soltar a mão ou dar continuidade a projetos. Voltado à elaboração de textos de qualquer natureza, de poemas, teses, contos, newsletters, ensaios etc.
Segundas, quartas e sextas de manhã, das 8h às 9h30 em Brasília, tudo on-line
São 6 encontros, de 13 a 24/01. Inscreva-se aqui
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Como arrumar malas? O guia definitivo para quem adora ler
Ler é uma das formas mais baratas de viajar. A leitura permite que conheçamos lugares inacessíveis, encantadores e sombrios, em diferentes épocas e universos. Particularmente adoro livros sobre viajar e, ao final, deixei dicas de leitura.
Mas hoje o assunto é diferente: vamos falar de arrumar malas, ou seja, viajar efetivamente, levando os livros conosco.
Final de ano é uma época para deslocamentos. O retorno para a cidade natal. O recesso que permitiu uma escapadinha para um lugar gostoso. A visita a pessoas amadas. Seja para onde for, quem lê adora levar um livrinho consigo. Daí reuni ideias para melhorar essa arrumação de malas. Seguem dez conselhos pesquisados com carinho.
Minhas credenciais para falar sobre o tema são muitas, pois viajar é uma das minhas paixões, seja para a cidade ao lado, seja para o outro lugar do mundo; já transportei caixas de livros para lançamentos, já ganhei uma enormidade quantidade de livros ao viajar, já tive duas casas e bibliotecas entre elas (fato: o livro que queremos nunca está na cidade em que estamos).
A cartada final: tenho muitos planetas em virgem, assim, sou astrologicamente habilitada a arrumar gavetas. E malas. Assim, vamos lá!
Malas e livros: resolver uma relação conturbada
Livros pesam. Na mala, estão facilmente no nível de chatice dos calçados e casacos. Mas possuem seu valor inestimável: são objetos que guardam outros lugares. Às vezes, durante uma viagem, tudo que queremos é não estar ali (visitar um outro lugar pode ser desconfortável) e um livro pode nos trazer uma sensação de refúgio.
Ainda pode ser um amuleto, um velho amigo silencioso, uma recordação de um desejo que tivemos ao escolher aquele exemplar para nos atrapalhar a quilometragem da vida. Assim, apesar dos incômodos, a resposta é óbvia: vale sim carregar um livro conosco!
Escolha sem sabedoria e com paixão
Fazer malas é empacotar o desconhecido. Assim, está tudo bem se você viaja com mais peso do que deveria. Estão autorizadas malas com livros que provavelmente você não vai ler. Há um ato simbólico nisso, se cercar de desejo. Não há nada mais bonito.
E se alguém vier com aquelas historinhas, “o tamanho da tua mala é o tamanho do teu medo", pode xingar sem dó. Há viagens complexas que precisam de malas maiores. Para climas frios. Para viagens em que há dois ou mais eventos sociais. Para quem, por papéis de gênero, precisa levar milhões de apetrechos. Para quem tem um corpo maior, as roupas são naturalmente mais volumosas. Para quem trabalha com livros (vivo cheia de exemplares na mala). Geralmente viajo com pouca bagagem. Mas há casos em que é impossível. Daí se permita levar seu catatauzinho.
Livros que viajam bem
Sou uma adepta confessa de e-books, amo ter a sensação de ter uma biblioteca comigo, minha presbiopia prefere deixar a tela com uma fonte imensa e admito um prazer culpado em gastar bastante naquela loja do careca. Daí essa seria minha primeira consideração, tablets e leitores de e-book viajam muito bem.
Mas você acredita que leio a maioria dos e-books no celular mesmo? No aplicativo do Kindle. Assim, muitas vezes, só o celular me basta, acredite, embora não tenha o romantismo de um livro físico.
De modo geral, no universo dos livros impressos, as capas duras ficam melhor embelezando uma estante em casa (digo isso, mas viajei por quilômetros com o Teoria do drama moderno, de Péter Szondi, da Cosac, trad. Luiz Sérgio Repa — e não, nunca nem abri durante viagens, mas gostava de ter o exemplar dramático comigo, vai entender).
Os tamanhos menores, pockets, justamente foram pensados para isso, carregar no bolso. E sem subestimar, nos menores frascos podem estar os piores venenos ou os melhores perfumes.
Alguma coisa para a proteção
Livros sofrem no transporte. Do tradicional saco de papel àquelas capas chiques que nunca comprei, tudo isso pode ajudar na proteção de exemplares. Seja eletrônico ou físico, a umidade pode ser ruim e o transporte pode danificar algo. Vale um cuidado com isso.
Mimos estão autorizados
Já que estamos autorizando o excesso de bagagem, não é um marcador que vai arruinar seus preparativos, não é? Tem gente que é postiteira, daí também vale levar o bloquinho de post-it (eu dobro a página, eu sei, fica feio aquele monte de orelhinha — ao menos, não posso ser acusada de grifar, um pecado muito mais terrível, sabemos).
Em alguns guias, descobri que sugerem levar uma luminária portátil. Nunca usei uma e você pode me contar se já usou.
Diário de viagem
Não está exatamente na categoria “livro". Mas acho que registrar uma viagem é muito importante, uma forma de digestão mental de tudo o que vivenciamos e das recordações bonitas. No caso, podemos anotar pensamentos sobre as leituras.
Escolher um livro que converse com a viagem?
Se você vai passar por várias conexões, às vezes, uma antologia de contos ou um livro de ensaios pode cair melhor, pelas interrupções necessárias durante a leitura. Se vai relaxar, talvez um livro de poesia?
Decido levar comigo sempre algo que tenha relação com meu destino. E tenho prazer em pesquisar antes. De autorias daquele lugar. Livros históricos, romances e por aí vai. Também aproveito para ajustar o idioma, se for o caso de uma viagem a outros países (tudo bem que uma vez baixei, em francês, Os miseráveis, do Victor Hugo, para uma viagem à França; eu não tinha intimidade com o idioma, não entendi nem a primeira página e miserável fiquei eu na poltrona do avião).
Guarde os livros que te esperam
No roteiro, se for uma cidade maior, não deixe de visitar a livraria ou os sebos locais. Livros possuem a mania de nos encontrar.
Voltei agora de Porto Alegre, por exemplo, com um livro que adorei, adquirido na livraria Paralelo 30: Viver entre línguas, de Sylvia Molloy (trad. Mariana Sanchez e Julia Tomasini, ed. Relicário).
Amuletos
Vale carregar consigo um livro amado. Não há nada que nos traga tanta alegria e senso de pertencimento.
E se eu não abrir nunca o livro?
Tudo certo, ué. O livro é um bom companheiro, pois é silencioso, não nos perturba. Por que se amolar com isso? Essa culpa não cabe na bagagem.
Afinal, estamos aproveitando a vida, exercitando o olhar e experimentando a nossa passagem pelo planeta.
Desejo a você ótimas viagens, mesmo que sejam curtinhas, com uma das melhores companheiras do mundo, a leitura.
Dicas: livros sobre viagens
Seguem alguns livros sobre viajar. Qual foi um que você adorou? Depois deixe seu comentário.
📚 Cem dias entre céu e o mar: um clássico absoluto do brasileiro Amyr Klink, publicado originalmente em 1985. Vale para viagens desafiadoras ou para o litoral. Companhia das Letras.
📚 A história sem fim, outro clássico, do alemão Michael Ende de 1979 (trad. Maria do Carmo Cary). O típico livro para crianças e jovens que adultos precisam ler. Se você tiver entre 35-45 anos, talvez tenha sido traumatizado pela morte do cavalo na adaptação fílmica. Uma viagem imaginária, cheia de percalços e maravilhamentos. Martins Fontes.
📚 Exploração, não ficção, da peruana Gabriela Wiener (trad. Sergio Molina, 2021), é dos livros fininhos e potentes. Vai abordar tudo, racismo, colonialidade, corpo, tudo sem dar uma de fada sensata. Recomendo mesmo. Editora Todavia.
📚 A telepatia são os outros, a forma mais barata de viajar ao Chile. É um livro meu, publicado em 2019, vencedor do Odisseia de Literatura Fantástica e finalista do Argos e do Jabuti. Editora Monomito.
📚 Ferozes melancolias: o amor, a escrita e a viagem, meu livro mais recente, lançado este ano. Traz várias crônicas de viagens literárias da China ao Congo, passando por Paraty, Porto Alegre, Roma e Santiago do Chile. Editora Rua do Sabão.
Sobre esta edição (e uma novidade!)
O rascunho desta edição foi feito com ajuda do ChatGPT4: eu tinha redigido uma lista da minha cabeça. Mas o robô ampliou a lista e inseriu muitas coisas. A ideia estranhíssima de levar uma luminária portátil, por exemplo, é dele. Eu a mantive, rs.
Acho legal ser transparente contigo, assim, você fica com a certeza de que o restante de meus textos são “puramente orgânicos", embora creio que essa diferença logo vá desaparecer e deixar de ser importante, talvez em um ou dois anos, pelo que ouço nos bastidores de quem escreve profissionalmente.
Dessa forma, aproveito para anunciar minha novidade para 2025:
(rufem os tambores)
Farei um especial, de três edições, sobre algo que é igual sexo, todo mundo quer saber, mas tem vergonha de perguntar 🙈:
Escrever utilizando AIs.
O especial A escrita e a máquina será veiculado mensalmente, de janeiro a março.
Vou aproveitar minha década de estudos em ficção científica, aliada ao fato de dar aulas de escrita criativa há quinze anos, para tratar desse assunto espinhoso, cheio de problemas éticos e ecológicos; e, ao mesmo tempo, incontornável.
Como tenho uma comunidade que me apoia, conseguirei publicar o especial sem uso de paywall. Se quiser receber as edições, basta assinar a Anacronista.
Quem apoiar a newsletter vai receber algo exclusivo: um boletim detalhando o uso das ferramentas e dos prompts.
Para produzir essa newsletter
Foram necessárias 5h, perguntas a várias pessoas sobre hábitos de leitura em viagens, pesquisas internet a fora, e a despesa de 20 dólares, no câmbio a 6 reais, para contratação do Chat GPT4. Assim, dessa vez, eu realmente agradeço a todo mundo que apoia a Anacronista.
Sem vocês, não teria feito essa compra no cartão agora no final do ano, um investimento que também possibilita fomentar esse projeto especial no ano que vem. Agradecida! 🧡
Sua opinião
Se você puder preencher um formulário de pesquisa sobre a newsletter, vai me ajudar muito!
Muito obrigada!
Se gostou da edição, deixe um comentário:
🧡 Você leva livros para viajar? Como faz isso?
🧡 Histórias terríveis e incríveis sobre leituras em meios de transporte?
🧡 Dicas de livros sobre viagens?
E se anime para apoiar a Anacronista: https://apoia.se/anacronista
Agradeço ainda se puder encaminhar a edição para pessoas legais!
Vale postar stories do Instagram, repassar o e-mail ou restacar no app do Substack.
Aqui vai um link para enviar esse texto a crushes pelo WhatsApp.
Canais
Telegram: https://t.me/criatividade
Instagram: @anarusche
Conheça minha série sobre hábitos de leitura
https://anarusche.substack.com/p/habitodeleitura1
https://anarusche.substack.com/p/habitodeleitura2
Que tema maravilhoso, Ana! Eu acho que demoro mais pra escolher qual livro levar do que realmente lendo na viagem.
Li esses tempos o "Encaixotando minha biblioteca", do Alberto Manguel, que tem uns pensamentos ótimos.
E o Manguel também conta uma história que acho deliciosa: diz que no século X, um certo vizir da Pérsia carregava a biblioteca para onde ele fosse, em camelos treinados para andar em ordem alfabética.
Nossa, nunca imaginei que você lia no celular. Achei você muito xóvem agora (mesmo aumentando a letra). Eu comprei uma luminária portátil, mas ainda não usei. Tinha me achado muito visionária até descobrir que isso foi sugerido pela IA 😬