Segunda parte do especial: Hábito de leitura. Ler materiais chatos, de manuais técnicos a livros de crítica. Lidando com o sono ao ler. A questão da memória. Dicas de livros sobre dormir.
O que me ajuda a ler coisas chatas ou obrigatórias é fazer o famigerado pomodori (ou como eu aprendi com o Augusto, do Efetividade, a Galinha Temporal): estudo/leio 60 minutos tiro 15 para andar, comer, beber, fazer qualquer coisa que não seja ler/estudar.
E se bate o cansaço ou o sono no meio da leitura, prá mim, eu belisco alguma comida. Não sei por que mas comer afasta meu sono.
Ah, em casa não rendo nada e eu me concentro melhor quando vou a uma biblioteca. Já até brinquei aqui em casa que vou fazer o guia Mixelã de lugares de estudo em BH. rs
Tudo a ver com o meu momento. Acabei de desistir de um clássico. O Cem anos de Solidão do Gabo. Sem condições de continuar, apesar de ficar um pouco ressentido em desistir. Mas enfim, talvez eu volte pra ele mais adiante. Mas parabéns pela news. Gostei muito.
Adorei a lembrança do descanso, somos corpos! Aliás, um dos livros na minha lista é Rest is resistance, da Tricia Hersey.
Uma dificuldade que eu sempre encontro é escolher o próximo que vou começar, entre os que estão na pilha da estante e as amostras no Kindle. Às vezes priorizo o que é obrigação (mesmo que seja algo que estou louca pra ler), o que já me fez passar muitas semanas sem ler algo só pelo prazer.
E mais uma dificuldade: quando é livro de não-ficção, ter coragem de ler picado. (Um professor que eu tive na faculdade disse uma vez pra nós, "a única coisa que vocês estão obrigados a ler inteiro são os romances, o resto pode ler só um pedaço", mas até hoje fico com a sensação de um buraco se abandono um livro sem terminar)
Que gostosa é a sensação de soninho que vem quando estamos lendo... Acho um sonífero poderoso, então fiquei fã dessa ideia de tirar cochilos entre leituras! Tô dentro
A leitura voltou a ser um hábito quando deixei de encarar como obrigação. Eu tive contato com a técnica "Pomodoro" e até funcionou por um tempo. Estabeleci uma meta de quatro sessões de 25 minutos ao dia, mas era cada vez mais uma "tarefa" e menos uma vontade genuína de ler.
Após alguns meses, acabei deixando minhas leituras de lado novamente. Agora em janeiro, porém, decidi tentar uma abordagem diferente: ainda tenho uma meta diária, mas, ao invés de estipular contagens regressivas, simplesmente inicio o cronômetro e leio o quanto tenho vontade ou posso naquele momento.
Somente essa nova abordagem fez com que eu tivesse prazer no ato de ler novamente. Três livros em janeiro e contando! <3
como jornalista, às vezes tenho que ler sentenças judiciais chatérrimas e de vocabulário difícil de tão específico para entender determinadas decisões que devem ser noticiadas. encaro como obrigação e tento terminar o mais rápido que posso. rs
confesso que ler sobre o Jameson aqui me despertou memórias de muita sonolência hahaah muito bom ler você falando isso, porque sempre me senti muito culpado por ficar com sono durante a leitura, acabava que eu ia fazer outra coisa e não voltava mais pro livro. Fiquei feliz com a dica!
Esse texto do Jameson me assombrou assim também! rs Durante meu tempo de mestrado e doutorado era muito difícil ler uma coisa só porque sim. Tudo era muito cronometrado e organizado para ser uma leitura que contribuísse com a pesquisa, fosse ficção ou teoria/crítica. Eu sentia que tudo tinha que ter uma razão forte para ler, nada era feito levianamente. Depois que concluí o doutorado passei a ler as coisas mais loucas. Livro de antropologia sobre o neolítico? Lendo. Livro de contos aleatório? Tô lendo. Relatos de experiências místicas de uma italiana em busca da Madonna Nera? Tô lendo. Coisa ruim e boa. Isso foi uma libertação pra mim e me fez recuperar muito a alegria de ler, que pra mim tem muito a ver com a ideia de descoberta.
Na época do mestrado precisei ler muitos artigos, ora interessantes, ora chatos. Sem contar que não conseguia ler nada por deleite, pq sempre tinha uma leitura atrasada. Hoje, estudando para concurso, uso a técnica da cochileta russa: pode ser 10,20 ou 30 minutos. E é impressionante como eu acordo disposta.
Já estou num café imaginário te respondendo aqui. Faz muitíssimo sentido.
Para começar, trabalhar com revisão e preparação é muito puxado, pois exige um nível de atenção alto (daí o sono), eu admiro muito.
Depois, nossa, quantas matérias na Letras deixei para o outro semestre para conseguir ler tudo... é coisa demais. Entendo muito bem o que você está contando.
Achei linda a frase da Plath, não a conhecia. Toda a poesia faz mais sentido depois de um tempo geralmente.
Queria te agradecer, de coração.
Muito obrigada pela leitura, afinal, a leitura é rara e bonita.
Estou neste momento lendo Fredric Jameson e me agarrando mesmo na força do hábito e da necessidade de concluir o mestrado hahah
Olá, Kely, estou rindo, mas a gente... pega o gosto depois?!
Força aí! Estamos juntas :)
O que me ajuda a ler coisas chatas ou obrigatórias é fazer o famigerado pomodori (ou como eu aprendi com o Augusto, do Efetividade, a Galinha Temporal): estudo/leio 60 minutos tiro 15 para andar, comer, beber, fazer qualquer coisa que não seja ler/estudar.
E se bate o cansaço ou o sono no meio da leitura, prá mim, eu belisco alguma comida. Não sei por que mas comer afasta meu sono.
Ah, em casa não rendo nada e eu me concentro melhor quando vou a uma biblioteca. Já até brinquei aqui em casa que vou fazer o guia Mixelã de lugares de estudo em BH. rs
Tudo a ver com o meu momento. Acabei de desistir de um clássico. O Cem anos de Solidão do Gabo. Sem condições de continuar, apesar de ficar um pouco ressentido em desistir. Mas enfim, talvez eu volte pra ele mais adiante. Mas parabéns pela news. Gostei muito.
Amando essa série, Ana!
tu tem sempre os melhores conselhos 🩷 obrigada por ser tão generosa!
Adorei a lembrança do descanso, somos corpos! Aliás, um dos livros na minha lista é Rest is resistance, da Tricia Hersey.
Uma dificuldade que eu sempre encontro é escolher o próximo que vou começar, entre os que estão na pilha da estante e as amostras no Kindle. Às vezes priorizo o que é obrigação (mesmo que seja algo que estou louca pra ler), o que já me fez passar muitas semanas sem ler algo só pelo prazer.
E mais uma dificuldade: quando é livro de não-ficção, ter coragem de ler picado. (Um professor que eu tive na faculdade disse uma vez pra nós, "a única coisa que vocês estão obrigados a ler inteiro são os romances, o resto pode ler só um pedaço", mas até hoje fico com a sensação de um buraco se abandono um livro sem terminar)
Que gostosa é a sensação de soninho que vem quando estamos lendo... Acho um sonífero poderoso, então fiquei fã dessa ideia de tirar cochilos entre leituras! Tô dentro
A leitura voltou a ser um hábito quando deixei de encarar como obrigação. Eu tive contato com a técnica "Pomodoro" e até funcionou por um tempo. Estabeleci uma meta de quatro sessões de 25 minutos ao dia, mas era cada vez mais uma "tarefa" e menos uma vontade genuína de ler.
Após alguns meses, acabei deixando minhas leituras de lado novamente. Agora em janeiro, porém, decidi tentar uma abordagem diferente: ainda tenho uma meta diária, mas, ao invés de estipular contagens regressivas, simplesmente inicio o cronômetro e leio o quanto tenho vontade ou posso naquele momento.
Somente essa nova abordagem fez com que eu tivesse prazer no ato de ler novamente. Três livros em janeiro e contando! <3
como jornalista, às vezes tenho que ler sentenças judiciais chatérrimas e de vocabulário difícil de tão específico para entender determinadas decisões que devem ser noticiadas. encaro como obrigação e tento terminar o mais rápido que posso. rs
confesso que ler sobre o Jameson aqui me despertou memórias de muita sonolência hahaah muito bom ler você falando isso, porque sempre me senti muito culpado por ficar com sono durante a leitura, acabava que eu ia fazer outra coisa e não voltava mais pro livro. Fiquei feliz com a dica!
Esse texto do Jameson me assombrou assim também! rs Durante meu tempo de mestrado e doutorado era muito difícil ler uma coisa só porque sim. Tudo era muito cronometrado e organizado para ser uma leitura que contribuísse com a pesquisa, fosse ficção ou teoria/crítica. Eu sentia que tudo tinha que ter uma razão forte para ler, nada era feito levianamente. Depois que concluí o doutorado passei a ler as coisas mais loucas. Livro de antropologia sobre o neolítico? Lendo. Livro de contos aleatório? Tô lendo. Relatos de experiências místicas de uma italiana em busca da Madonna Nera? Tô lendo. Coisa ruim e boa. Isso foi uma libertação pra mim e me fez recuperar muito a alegria de ler, que pra mim tem muito a ver com a ideia de descoberta.
Na época do mestrado precisei ler muitos artigos, ora interessantes, ora chatos. Sem contar que não conseguia ler nada por deleite, pq sempre tinha uma leitura atrasada. Hoje, estudando para concurso, uso a técnica da cochileta russa: pode ser 10,20 ou 30 minutos. E é impressionante como eu acordo disposta.
Um abraço, Ana.
Ah, Marina! Que delícia te ler!
Já estou num café imaginário te respondendo aqui. Faz muitíssimo sentido.
Para começar, trabalhar com revisão e preparação é muito puxado, pois exige um nível de atenção alto (daí o sono), eu admiro muito.
Depois, nossa, quantas matérias na Letras deixei para o outro semestre para conseguir ler tudo... é coisa demais. Entendo muito bem o que você está contando.
Achei linda a frase da Plath, não a conhecia. Toda a poesia faz mais sentido depois de um tempo geralmente.
Queria te agradecer, de coração.
Muito obrigada pela leitura, afinal, a leitura é rara e bonita.