📚 5 conselhos amorosos
Reuni conselhos sobre amor, aproveitando o clima de julho. Publicações ecológicas e agenda inspiradora de agosto.
Oi, meu amor,
Julho é um mês apaixonante, não me pergunte o motivo. Talvez o sol inclinado aqui perto do Trópico de Capricórnio, o ar de férias, as comidas boas.
Como sou poeta, estou plenamente intitulada a falar de amor. Assim, para a edição de hoje, reuni cinco conselhos que daria para mim mesma aos 15 anos.
(Aliás, tenho uma permanente ficção, na qual eu telefono para eu-mesma de 15 anos, contando tudo de maravilhoso o que vai acontecer, para aquela garota triste não desanimar. A mesma ficção mantenho sobre eu-mesma-advogada-frustrada virando os 30, sempre penso em contar para ela, “guenta mais um pouquinho, logo as coisas ficarão melhor”. Nos dois casos, é meio mentira. Ao mesmo tempo, muita verdade.)
No mais, meu curso de Narrativas está com inscrições abertas! Abaixo reuni publicações e a agenda de agosto.
E agradeço a leitura!
A mágica de ser lida não acontece sem você do outro lado. ❤️
Instruções de uso: “se conselho fosse bom, não seria de graça”. Assim, não precisa concordar com nada, sim? Pode ser que algo que coloco aqui não faça sentido em sua vivência.
Cinco conselhos amorosos
Primeiro. Ao coração quebrado.
Um coração quebrado demora para sarar.
Suspeito que a mitologia existe só para lidarmos com o fim das coisas. Quantas histórias não há sobre esse assunto? Não é à toa: é horrível estar com o coração partido. E, se é teu caso, toda minha solidariedade. Nessas situações, é cercar-se de muitos carinhos, fazer coisas que gostamos e estar com pessoas que nos fazem bem. Lembrar que a raiva e o ódio não são o oposto do amor — só a indiferença faz esse papel.
É respirar, se cuidar. Começar coisas novas, visitar hábitos antigos. Munir-se de paciência. Uma hora, passa.
Segundo. Se você não está se amando, melhor não procurar avidamente o amor em outras pessoas.
O segredo é o advérbio: “avidamente”. Geralmente aprendemos a nos amar observando as pessoas que nos querem bem — basta imaginar como alguma amizade querida nos trata, com gentileza, com carinho. Um olhar apaixonado nos faz um grande bem.
Entretanto, há fases da vida que nos desapaixonamos de nós. Acontece. É normal. Nos tornamos pessoas que ainda não amamos muito. Nessas épocas, é melhor evitar o “avidamente”.
Terceiro. Afastar-se das pessoas tóxicas a todo o custo. Novamente, a locução adverbial é relevante. Qual o custo de se manter numa relação tóxica? Imenso.
Calculamos muito mal os danos dessas relações. Aguentamos pelos motivos mais bestas e, ao mesmo tempo, os mais inafastáveis: “vai magoar a pessoa X, que acha lindo a família junta”, “é minha chefia”, “quando vou ver, estou lá, respondendo as mensagens”, “está no mesmo grupo de WhatsApp que eu”, “sempre encontro na rua”.
Demora um tempo para sair fora. Pode demorar anos. Assim, é bom calcular, planejar e se afastar aos poucos. A gente só percebe o cálculo do dano quando passou.
Quarto. Se alguém não te quer, respeite. Lidar com rejeição é a pior parte de tudo.
O não. Da revista que não aceitou teu texto. Do esquecimento da carteirinha diante da catraca para entrar na piscina no verão. Essas coisas todas terríveis e desanimadoras. Entretanto, na relação amorosa, há uma mítica de que o “não” é um “sim” invertido. Olha, nem vou entrar no problema da cultura de estupro, que é imenso. Mas qualquer comédia romântica contemporânea de quarta-feira mostra que, primeiro, precisa ocorrer a rejeição para depois o amor florescer. Ou é a partir da rejeição que a outra parte cria um interesse e se apaixona. Quase como se simulando uma escassez, conseguimos criar uma demanda artificial.
Quero muito que como sociedade a gente altere essa maneira de pensar e de se comportar. Tanto de quem cria outras histórias possíveis a quem as consome.
Quinto. Em condições seguras, com consentimento e com pessoas legais, esbanje amor!
Paixão, carinho, felicidade, tudo isso é importante demais para a gente conter. Muita gente procura seu par, gasta uma energia imensa nisso, quando poderia estar curtindo as pessoas maravilhosas que as cercam.
Podemos amar muitas pessoas e podemos amar de muitas maneiras. O lance de limitar tudo a uma única forma, o "par romântico familiar", é desolador para a imaginação. Mas se quiser, também pode, pois a escolha muda tudo. Desejar, querer. Não se limitar a modelos pré-estabelecidos ou escolher o próprio.
No fundo, é se dar uma chance de ser feliz, de curtir nossas inteirezas. Ao contrário do dinheiro, geralmente quando você esbanja amor, aparece muito mais em troca.
Pronto. Esses foram meus cinquenta centavos de conselhos gratuitos. Espero que algum tenha feito sentido. Inclusive, se quiser depositar mais alguns nos comentários, vou adorar ler. O bar imaginário e o coração estão abertos. ❤️
"A vida é a maneira pela qual o universo se enternece de si"
Timothy Morton no Suplemento de Pernambuco
Tive a imensa honra de entrevistar Timothy Morton! Foi das melhores leituras deste ano, uma filosofia ecológica que amarra a questão da poesia romântica muito bem. Fiz a orelha do Pensamento ecológico e depois li O ser ecológico para elaborar a entrevista. Ambos são lançamentos da editora Quina.
Livros: O pensamento ecológico (trad. Renato Prelorentzou) e Ser ecológico (trad. Maíra Mendes Galvão). Editora Quina.
Curso no MAM: Ensaiar o Antropoceno
Nas terças-feiras, de agosto e setembro, ministrarei um curso híbrido, com aulas no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Parque do Ibirapuera, e on-line, sobre ecologia, escrita e artes visuais.
Cada participante trabalhará com suas próprias reflexões a partir de obras, que incluem textos de Ailton Krenak, Bruno Latour, Donna Haraway, Malcolm Ferdinand e Timothy Morton; obras literárias de Carlos Drummond de Andrade, Iliana Vargas e Maria Lúcia Alvim; peças históricas de Albrecht Dürer, Estevão Silva, Francisco Javier Matiz e Maria Sibylla Merian; até trabalhos contemporâneos de artistas latinoamericanas, como de Giana De Dier, Marianne Hoffmeister, Néle Azevedo e Issa Watanabe, entre outros nomes.
Link para o programa e outros detalhes: aqui
Curso de Narrativas: semestral
Meu curso semestral de Narrativas está com inscrições abertas, ainda há vagas!
Se você quer escrever crônicas, criar contos ou enfrentar um romance, venha. A partir da leitura de textos clássicos e contemporâneos e de exercícios de escrita, vamos passar por tópicos da criação literária, de personagens a ambientação, de enredo a mercado editorial.
Há entregas mensais, sendo possível colocar um projeto de escrita nos trilhos. Dou aulas de criação literária há mais de dez anos, faço pesquisa de pós-doutorado na Teoria Literária na USP e tenho grande prazer em conhecer pessoas por meio de textos.
Curso: Narrativas. Segundas-feiras, das 19h às 20h30, on-line, três encontros por mês. São 15 aulas no semestre, de agosto a dezembro.
Aqui vai o descritivo com as datas, valores e inscrição: formulário.
Revista Morel e TwitterX
Escrevi para a charmosa Revista Morel uma crônica na voz de… Elon Musk!
Foi das pesquisas mais loucas dos últimos tempos, ler e escutar discursos do nosso magnata mais irritante — o melhor é que algoritmos agora acham que sou uma espécie de fã do cara e me sugerem conteúdos relacionados, rs.
Como boa escritora de ficção científica, coloquei o vilão em Marte, controlando o “TwitterX”. Quando redigi o texto, a nova marca do Twitter não tinha saído, assim, ponto pra ficção oracular! Afinal, era previsível o uso do X, pois o cara bota X em tudo, uma espécie de metaverso do Xou da Xuxa do mundo bizarro, estou por dentro ;).
Agradeço ao editor, Ronaldo Bressane, o convite!
A Morel é uma revista impressa. Aqui você pode conhecer a publicação e aqui assinar a newsletter no Substack.
Ficção ecológica e feminista
Está disponível meu conto e todos os outros na antologia que mencionei na última edição: Futuras — Cuentos de ciencia ficción ecofeminista. Org. Rodrigo Bastidas. Coleção Palabras Rodantes, volume 146. Medellín: Metrô de Medellín e Comfama, 2023 [leia gratuitamente o pdf].
Convites presenciais
21/8 Clube de Leitura no Sesc Carmo
Neste semestre, em uma segunda-feira por mês, estou no Sesc Carmo, no coração da cidade de São Paulo, para conversar sobre obras de ficção científica e distopias.
Em agosto, no dia 21/8, conversaremos sobre Floresta é o nome do mundo, de Ursula Le Guin. Das 18h às 19h30, na Biblioteca da Unidade. Não é necessária inscrição prévia, basta aparecer. Rua do Carmo, 147, Sé, São Paulo (SP). Gratuito. A Biblioteca possui exemplares do livro para empréstimo.
31/8 Leituras Extraordinárias: “Noite e dia desconhecidos”
A Paula Carvalho e eu vamos conversar sobre a obra sul-coreana “Noite e dia desconhecidos”, de Bae Su-ah. Conosco estará a editora Luara França e estou animadíssima para a conversa. Venha! Não precisa ter lido antes.
Leituras Extraordinárias. Próximo: 31 de agosto, quinta, às 19h, na Livraria da Tarde. Curadoria do ciclo: Ana Rüsche e Paula Carvalho. Rua Cônego Eugênio Leite, 956, Pinheiros. São Paulo (SP). Gratuito.
💌 Newsletterverso
“Tudo sobre o amor e muito mais” é o título da edição de Vanessa Meriqui, que trata de bell hooks.
Adorei essa edição sobre o filme Barbie, escrita pela Lethycia Dias: “Ela é tão Barbiezinha, tão galera! Uma mulher que escreve #73”.
A Carol Bensimon tem uma newsletter primorosa, a Nevoeiro. Indico esta edição, caso você nunca tenha lido: “Nevoeiro #14, de volta à cidade natal; astrologia; começar a correr” (aliás, corro e estou escrevendo sobre correr, então, sou suspeita).
A Fabi Guimarães escreve sobre escrever e sei que essa edição falou com o coração de muita gente: “Aos escritores visíveis e invisíveis”.
❤️ Meus amores
Essa edição nunca seria possível sem a amizade de duas pessoas maravilhosas que compõem a bancada do nosso eterno podcast, Incêndio da Escrivaninha: Vanessa Guedes e Thiago Ambrósio Lage. Assim, não perca:
A Vanessa Guedes está com inscrições abertas para um curso sobre newsletter: Revelando Segredos. Farei o curso na modalidade assíncrona :)
O Thiago Ambrósio Lage publicou Romantífica, livro de contos que tem absolutamente a ver com o tema desta edição!
Lembrei de um episódio precioso do Incêndio na Escrivaninha, gravado em março de 2021:
Sexo, com a convidada especial Renata Corrêa, roteirista de Vai na Fé e RensgaHits, vale muito escutar!
Ouça no Spotify:
Outras edições da Anacronista
Agradeço a leitura amorosa!
Se você gostou desta edição da newsletter:
❤️ Ficarei muito feliz se puder assinar.
❤️ Agradeço se puder repassar a pessoas apaixonantes.
❤️ Vou adorar receber um comentário também! Vale dicas de livros.
Meu muito obrigada para quem lê e recomenda a Anacronista ❤️
Para hoje e todos os dias de 2023:
todo poder à alegria, ao desejo e à imaginação!
Um conselho amoroso que eu daria a mim mesma do passado é: não alimente vaidades de laços desfeitos. Sabe aquele ex que sempre vem atrás de vc, e vc continua respondendo as mensagens, pq no fundo vc se sente especial pq a pessoa "não te esqueceu"? É sobre isso. Não alimente essa vaidade. Só prolonga as dores.
E eu lembrei da última cena do filme Sob o Sol da Toscana...