"Temos que começar a dizer: todos nós somos ambientalistas"
Transcrição da fala da escritora e historiadora Nikelen Witter, proferida no encontro do Filamentos de maio, diretamente de Santa Maria (RS).
Olá,
Esta é uma edição especial da Anacronista.
Trazemos a transcrição da fala da escritora e historiadora Nikelen Witter feita para o projeto Filamentos no sábado, dia 4 de maio. A escritora falou diretamente de sua casa em Santa Maria (RS)
Trata-se de uma reflexão livre sobre os acontecidos, uma forma de pensarmos mais adiante sobre os diferentes desafios a partir da catástrofe das enchentes no Sul. A transcrição da fala foi feita por Cecília Garcia e editada por mim. Alguns trechos da fala foram adaptados para o padrão textual.
O áudio original também está disponível, caso prefira escutar, com a edição de Meg Ganciné.
Ao final, recomendo a leitura do livro detalhadíssimo de Luiz Marques, que tratamos no mesmo encontro: O decênio decisivo.
Com muita solidariedade,
Ana Rüsche
Temos que começar a dizer: todos nós somos ambientalistas
Nikelen Witter, 4 de maio de 2024
Quando comecei a pensar no que ia falar, pensei em começar com aquela frase feita, "eu não sou ambientalista”. Mas neste momento, temos que começar a dizer: todos nós somos ambientalistas.
Não é somente uma questão de estudo sobre a estrutura ambiental. É questão de sobrevivência efetiva, sobrevivência do coletivo.
Neste momento, é interessante também que as pessoas lembrem: para o planeta, nós somos espécie, não indivíduo. Temos que pensar como espécie e, como espécie, é pensar daqui pra frente. Sou historiadora, tenho um processo analítico sobre a sociedade. Muitos de meus pensamentos vão além de mapear esses erros humanos, vão para fazer contradiscursos.
Por que "contradiscurso"? Porque há um discurso que já está usado. Quando surge a negligência, vem aquele discurso pronto: o Rio Grande do Sul sempre teve enchentes, sempre teve episódios de ventania. Nas disputas narrativas que se seguem, penso que não podemos deixar que esse discurso se infle a ponto de se tornar a memória.
Ontem ouvi uma psicóloga pedindo para outros psicólogos se voluntariar e ouvir as vítimas da catástrofe do Rio Grande do Sul. Me chamou a atenção isto, ela dizer que era importante as pessoas falarem, porque estão se sentindo desterritorializadas, com conexões perdidas entre sua história e identidade, ao perderam suas casas, suas vizinhanças, suas memórias. A forma de se reconstruir é falando. As falas vão ajudar as pessoas a reconstruir o self.
Costumo dizer pros meus alunos que os historiadores são as células da memória do coletivo. Então, também é o nosso papel ajudar na construção dessas memórias e não deixar que esse discurso do “sempre foi assim” se torne o discurso hegemônico e se torne a memória dessa época.
Quero destacar algumas coisas como historiadora. Fiz meu mestrado entre 1997 e 1999. Brinco que o defendi no dia 8 de agosto de 1999, e tinha um fim do mundo marcado para às duas da tarde. Aí eu marquei minha defesa às oito da noite para morrer mestra. Mas felizmente não foi daquela vez que o fim do mundo veio. Então sempre comento que eu fui a todos os fins do mundo desde então.
Santa Maria, uma cidade de muitas sangas
Na minha pesquisa, trabalhando com viajantes, muitas vezes estrangeiros, que viajavam pelo interior do país. Há a descrição de um viajante muito famoso, Saint Hilaire, [botânico] francês que viajou boa parte do interior do Brasil. Uma vez, ele narrou uma tempestade em Santa Maria (RS). Para quem não conhece a geografia do local, Santa Maria fica no centro do Estado e a gente aqui está entre o bioma Pampa e o início da Serra Geral, na divisa de dois biomas.
Santa Maria não é uma cidade de grandes rios. Temos rios pequenos que passam aqui, o Ibicuí Mirim passa nas voltas da cidade. Há uma grande quantidade de "sangas", o que no centro do país é chamado de "ribeirão" ou "lajeado". Há muitas sangas.
Um médico, em Santa Maria, vai escrever no início do século XX. Ele costumava dizer que "Santa Maria era privilegiada porque tinha esgotos naturais". Não havia necessidade de se fazer esgoto, "era só jogar na sanga". Então, sim, essa era a estrutura de pensamento vigente. Aí alguém vai dizer, "ah, não, isso foi lá no início do século XX, hoje não é bem assim". Bom, vocês já devem ter passado pelo material do José Augusto Pádua, do Rio de Janeiro, e o Pádua estuda os ambientalistas lá do século XIX. Entre eles, o próprio patrono da Independência, o José Bonifácio. Havia lugares com preocupação [ambiental], mas também muita gente vai dizer “ah, mas foi sempre assim”.
Os episódios de muita chuva e de muita ventania são comuns aqui, mas não com essa recorrência. O famoso vento minuano do Rio Grande do Sul, ele vem, bate na serra e faz a volta. Por isso a gente costuma dizer que Santa Maria é uma caldeira do inferno: bate o vento de frio, a gente morre de frio, bate o vento de calor, a gente cozinha. É uma grande Air Fryer.
A ideia de morrer em casa
Imagine esses 800ml que choveram em três dias em uma cidade sem rio. Com rochas que são porosas. Aí veio o desabamento. Dois municípios bem próximos tiveram muitos casos de desabamento: Itaara, logo acima da serra; e Silveira Martins. Ambos os lugares estão isolados, não tem mais como chegar. Há lugares que estão sem luz, outros estão sem água, outros sem os dois. Em alguns lugares ainda, a luz precisou ser desligada, porque há risco de curto circuito.
Um dos dados mais apavorantes desse desastre é a ideia de morrer em casa. Porque em qualquer situação de pânico, ou em um cenário de guerra, você pensa: “ah, que bom, estou protegido dentro de casa”. O que tivemos no Rio Grande do Sul foi a morte de pessoas dentro de casa.
O segundo ano consecutivo
E esse é o segundo ano consecutivo que isso acontece. Não é a primeira vez. No ano passado, nós tivemos dois episódios de enchentes, um entre abril e maio; outro, entre setembro e outubro. Vocês sabem quanto do Orçamento do Estado foi para a Defesa Civil esse ano no Rio Grande do Sul? 0,02%. Foram 50.000 reais para Defesa Civil do Estado inteiro para o ano de 2024. Não tem outro nome pra isso a não ser: irresponsabilidade, descaso, descuido. E é óbvio que o discurso [hegemônico] diz, "isso não é hora de politizar, vamos ajudar as pessoas". Mas é hora de politizar sim. É politizando que a gente cria a memória.
Há três dias se sabia o que ia acontecer em Porto Alegre. A MetSul estava avisando — um dos principais canais de informação meteorológica — dizendo que a cheia do Guaíba ia ser histórica, acima dos quatro metros. Por quê? Porque choveu nas cabeceiras dos rios, e o Guaíba é o desaguadouro desses rios. O muro da Mauá, pelo qual o Partido Novo fez uma enorme campanha pela remoção — queriam privatizar o cais do Porto, da mesma forma do Porto Madeiro, em Buenos Aires; queriam pôr abaixo para capitalizar em cima do porto. Imagine o que seria de Porto Alegre agora sem o muro da Mauá.
Desculpem comentar isto, mas sou historiadora e também feminista. Ontem, quando o muro começou a apresentar rachaduras e vazar, começaram a colocar sacos de areia (coisa que deveria ter sido feita há três dias atrás).
Doze homens tentaram segurar o rio no muque. Isso é burrice, é desespero ou o patriarcado está muito errado? Por que não é possível, doze homens acharem que seguram um rio no muque. Não teve ninguém pra dizer, "ei, isso não vai funcionar, vamos embora daqui, vamos tirar as pessoas daqui"?
No ano passado, quando houve a enchente destruiu o Vale do Taquari, isso ocorreu de madrugada e foi terrível. A enxurrada veio em onda, enquanto as pessoas estavam dormindo. A cidade de Roca Sales, por exemplo, foi reconstruída e agora destruída novamente. Nesse último sábado, eu sabia que ia ter um evento climático extremo. No sábado todos os aplicativos estavam avisando, todos os centros de meteorologia estavam informando que haveria acumulado de chuvas com até 600 ml. Isso era muita coisa. Agora, depois da destruição, o governador vem a público dizer “não, não estava sabendo. Nós não tínhamos nenhuma previsão de que isso ia acontecer”. Me parece um "não saber" muito confortável.
A Universidade Federal de Santa Maria não tem nenhum rio perto. Nós temos só uma ou duas sangas que passam por ali, pequenas. Na terça-feira, eu não estava na universidade porque estou fazendo parte do movimento de greve. No meio da manhã, a gente recebeu um comunicado que era para evacuar a universidade. Existe uma ponte com um vão embaixo, onde existem caminhos pro pessoal circular. Esse vão encheu de água. A ponto de quase encostar na ponte. E a água retornou pelos escoamentos e invadiu todo o arquivo da Reitoria e os estoques da editora da universidade. Esses lugares são altos, têm um pé direito alto, com quatro prateleiras. Só o que estava nas últimas prateleiras pôde ser salvo. Todo o resto ficou debaixo d'água.
O que a água traz
Para fechar, queria trazer outro ponto que a gente ainda não está comentando. Quando a água sobe, ela traz tudo. Ela não só leva. Ela traz. O que está acumulado no esgoto, nos bueiros. No caso dos arquivos da Universidade, o material não está apenas danificado, está contaminado. Não há como mexer nos arquivos ou nos livros. Os livros vão ser queimados, provavelmente. Não sei o que se vai fazer para tentar recuperar nos arquivos — porque depois de secar, a gente tem que pensar em uma recuperação bacteriológica. Todo o nosso lixo retorna para nós.
E quando a gente pensa para o futuro, não é só uma questão de reflorestar, de segurar as margens dos rios, de parar o plantio sem controle de soja e de arroz, que está enchendo as águas de veneno. Quando se revolve 30 cm de terra, estamos mexendo com camadas e camadas de vida. E trazendo camadas que estavam lá embaixo. Nós teremos mais doenças. Estamos no meio de uma epidemia de dengue que vai piorar, porque toda vez que se joga veneno nesses rios, matamos os sapos. Quando matamos os sapos, os mosquitos proliferam.
Nós somos uma cadeia. Isso é o que falta nos discursos. O problema hoje é no Rio Grande do Sul, mas já foi no Acre e os dois estão interligados. Nós somos espécie e se nós somos espécie, nós estamos em cadeia, conectadas com as outras espécies. Mesmo que a gente haja localmente, não vai funcionar. Porque somos espécies.
História das doenças
Nós não temos predador natural? Temos, né? Aí as doenças são os nossos predadores naturais. E aí também falo como historiadora. Meu mestrado e doutorado foram em história das doenças.
Meu doutorado foi em pandemia. As pandemias são um reflexo de quando se quebra. De quando se desestruturam elementos naturais. Normalmente falo para os meus alunos duas coisas sobre a pandemia que eu estudei, a primeira pandemia do planeta, a do cólera, a que atingiu todo o planeta em 1855. Chegou até aqui o Rio Grande do Sul e todo o sul da América. Todos os continentes foram, de uma forma ou de outra, afetados. Dizem que ela começa assim, a doença era endêmica em Bengala [Índia] e escapa de lá, nas grandes navegações que trouxeram o vibrião colérico.
Sim, essas grandes embarcações trouxeram um vibrião colérico, mas a doença não escapou por causa disso. Escapou porque, no século XIX, os ingleses alteraram a estrutura da vida dos indianos que viviam naquela região para que passassem a plantar algodão em grande escala em sistemas de plantation para exportar algodão para o resto do mundo. E aí mexem na estrutura de cultivo, na estrutura da vida. E isso vai do ser humano até ao nível microscópico. E o cólera se torna mais rápido e mais letal por conta disso, pois mexerem na relação ser humano e meio ambiente. Não é porque tinha mais barcos, é porque mexeram na vida das pessoas.
E aí o que acontece depois? Depois as pessoas mudam também. Se hoje todo mundo lava as mãos antes de comer, é por causa do cólera. Se hoje temos estações de tratamento de água, é por causa do cólera. Tudo isso é o legado do cólera do século XIX. E tenho dito, desde que eu defendi a minha tese, em 2007, que nós teríamos outra pandemia. No mesmo estilo e outras ao longo do século XXI.
Até porque, justamente quando a gente estuda as epidemias, a gente estuda aquele momento em que a civilização humana chega num esgarçamento, em que ou muda ou é mudada. Isso aconteceu, por exemplo, com o Império Romano nos seus últimos dois séculos. A gente fala muito das invasões bárbaras, que não eram "bárbaras" e sim "germânicas". Mas não comenta que os últimos dois séculos são séculos de epidemias sistêmicas em todo o Império Romano. Praticamente uma por década. Imaginem uma epidemia por década, durante dois séculos.
Vocês acham que dá para manter o sistema ou a estrutura de abastecimento de um império daquele tamanho. Não dá, não sustenta. A gente está vendo o esgarçamento e isso vai ter o seu retorno. E hoje estamos vivendo uma epidemia de eventos extremos climáticos.
Temos um um século muito difícil pela frente. É muito difícil você, inclusive, ser mãe, que é o meu caso, com um adolescente de 15 anos que sonha em ser pai. Esses dias ele me abraçou e disse: “Mãe, eu não sei se eu quero ter filho, eu não sei se eu quero ter filho nesse mundo para este mundo”.
Hoje no meu prédio, estavam fazendo comida pra mandar para as pessoas desabrigadas. E disse, "meu filho vai lá ajudar". Não posso mais dourar a pílula, ele não é criança. Então digo pra ele, "você vai ter que pensar, pensar o que se pode fazer, como organizar esse mundo para o futuro". Porque a civilização está esgarçada nesse sistema.
Santa Maria, 4 de maio de 2024.
Dica de leitura
No mesmo encontro do Filamentos, comentamos a obra brasileira essencial de Luiz Marques, O decênio decisivo: propostas para uma política de sobrevivência (Elefante, 2023).
De forma meticulosa, o professor responde a todas as principais perguntas sobre mudança climática, apoiado em vasta bibliografia. Das questões energéticas às extinção; do agronegócio à ação política possível.
“À humanidade, não resta alternativa senão se insurgir contra o fracasso iminente de seu potencial e contra a ameaça crescente de sua própria extinção, e é nessa falta de alternativa que reside, paradoxalmente, a força dessa insurgência.” — Luiz Marques, p. 460
Se muita gente se pergunta “o que fazer diante da emergência climática?". Uma das boas ideias é se informar, usando fontes sérias e confiáveis. Envolver-se com o tema, conversar. Esse livro pode ser um bom amigo de início ou meio de jornada.
Aulão de escrita criativa
Escritores pela reconstrução do Rio Grande do Sul
Um grupo de escritores se reuniu para oferecer uma atividade de escrita criativa neste sábado para arrecadar recursos para o Rio Grande do Sul
Do "aulão", participam 16 escritores, capitaneados pela gaúcha Vanessa Guedes, da Segredos em Órbita. Estão no programa Alessandra Garattoni, Ana Rüsche, Bárbara Bom Angelo, Bruno Matangrano, Carol Chiovatto, Carol Façanha, Danilo Heitor, Gabi Albuquerque, Gaía Passarelli, Kali de los Santos, Lisandro Gaertner, Nikelen Witter, Oscar Nestarez, Paula Maria, Surina Mariana e Thiago Ambrosio Lage.
Toda a verba arrecadada será integralmente doada para as seguintes organizações: CUFA — Central Única das Favelas, Movimento União BR, Cozinha Solidária, Ação Cidadania e Movimento Nacional de Luta pela Moradia. Até quinta, as arrecadações bateram 18 mil reais, com a inscrição de mais de 400 pessoas.
O curso será amanhã, sábado, 11 de maio, das 14h às 18h, on-line. O conteúdo ficará gravado e disponível por um mês. As inscrições são feitas via Sympla. Mais detalhes em https://otextoeotempo.substack.com/p/aulao-de-escrita
Com muita solidariedade
Termino essa edição especial desejando
toda força à imaginação e ao anseio pela Mudança.
Agradeço a leitura!
Créditos
Participaram desta edição especial:
Nikelen Witter
Escritora e historiadora. É professora do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Maria e uma das mais importantes representantes no Brasil do gênero steampunk. Sua tese de doutorado tem o título Males e Epidemias: governantes, sofredores e curadores no sul do Brasil. Entre outros livros, publicou Viajantes do abismo (2019, finalista do Jabuti), Dezessete mortos (2020) e As aventuras de Miss Boite e outras histórias a vapor (2024). LinkTree, Instagram e newsletter.
Transcrição: Cecilia Garcia
Cecília Garcia. Escritora e jornalista. Com a ilustradora Beatriz Garcia, criou o Bestiário Brasileiro, projeto no Instagram de textos literários e ilustração científica sobre animais reais e imaginários do Brasil. Teve contos publicados em coletâneas literárias como o Prêmio Off Flip 2021, Linguateca (2016) e Desnamorados (2014). Jiboia é seu livro de estreia (Aboio, 2023).
Ilustração: Bestiário Brasileiro
Lagarto-rabo-de-abacaxi (Hoplocercus spinosus), retirada do Bestiário Brasileiro, ilustrado por Beatriz Garcia, com o seguinte texto de Cecilia Garcia: “Diminuto como a fruta que dá nome a sua cauda, esta espécie endêmica do cerrado e suas áreas de transição passa o dia enfiado no meio das pedras, deixando para fora da toca o rabo espinhoso. Mas à noite, tempo dos frutos dormentes, ele finalmente sai." Conheça mais aqui: @bestiariobrasileiro
Edição de áudio: Meg Ganciné
@dododepatinete
Coordenação: Ana Rüsche
Apoios
Esta edição especial foi possível pelos apoios recebidos pelo projeto Filamentos via Catarse e também de quem apoia a Anacronista via Apoia.se. O cachê da participação da escritora no encontro de maio do Filamentos foi revertido para o Fundo Municipal da Defesa Civil de Santa Maria. Metade das arrecadações do Apoia.se da Anacronista foi destinada para a Ação da Cidadania, que mantém o projeto Cozinha Solidária.
Adorei ler isso aqui no meio do caos. Obrigada por compartilhar!
Sou gaúcha, ativista climática e estamos todos tentando lidar com isso, principalmente porque se dissolve o mundo e as paisagens como conhecíamos. Como disse Nikelen Witter (não a conhecia, inclusive, e vou buscar saber mais), ser ambientalista é questão de sobrevivência. Esperamos que agora a gente veja mudanças, né?
Tks, Ana e equipe. Ponderações importantes que reverberam na mente por um bom tempo.